Éramos tão unidas, parecíamos irmãs, ela vivia em minha casa ou eu na dela, tão inseparáveis, tão amigas. Sabe quando parece que você precisa de um outro alguém para continuar sendo feliz? Ela era esse alguém, melhor do que qualquer menino que pudesse me dar o que quisesse, amor, carinho, tanto faz. Ela era insubstituível, para mim, a melhor pessoa que eu já havia conhecido, era perfeita, admito que não há pessoas perfeitas, mas ela chegava bem próximo a isso.
Essa saudade parece me corroer por dentro, parece aumentar a cada dia que passa fazendo um buraco em meu coração. A vida levou-a de mim, de uma vez, sem chance de me despedir. Ela estava doente, foi tudo tão rápido, tão doloroso, tão destruidor. Quem me dará o ombro amigo quando eu precisar agora? Quem enxugará minhas lágrimas e tornará meus dias melhores? Quem vai brigar comigo quando eu estiver chorando por um garoto inútil? E quando eu me sentir sozinha como agora, quem vai estar ao meu lado me levantando? Antes, quando ninguém estava, ela estava, ela fazia meu mundo subir até o céu, fazia eu explodir de felicidade muitas vezes. Quem vai dançar comigo nas baladas? Quem vai descer até o chão não ligando para ninguém que esteja em volta como a gente costumava fazer?
E são essas as perguntas que costumam me perturbar. Comecei a ir muito mal na escola, antes parecia que era ela que me fazia levantar toda manhãzinha, colocar uma roupa e ir ouvir os professores falarem; Agora parece que não há sentido para mais nada. Ela sentava em minha frente, e quando eu vou para a escola, fico olhando aquela cadeira vazia, desejando ela lá de novo, olhando para trás e conversando comigo, rindo, zombando das outras pessoas.
Meus pais tentam me ajudar, pedem para algumas colegas tentarem me animar. Eu juro que tento, mas não dá, eu tinha me tornado dependente dela, e agora fico aqui, nesta solidão, sem ninguém para passar aquela mão delicada e macia em meu rosto enxugando as lágrimas mais dolorosas. Fico sozinha muito tempo, apenas nas lembranças, lembranças e lembranças que não saem da minha mente. Leio as cartas que ela costumava me dar, tão lindas que acabam me causando mais saudades. Tentei prometer a mim mesma que não ia mais chorar, que ia tentar viver feliz como antes, mas parece impossível.
Passa mais uma noite, dolorosa e fria como as outras, e eu, como todos os dias, continuo com essa dor, sozinha e deprimida. Cheguei a até pensar no suicídio, mas não, eu vou ser forte e mostrar para ela, onde ela estiver que eu consigo viver, era isso que ela queria, era isso que ela me pedia para fazer quando fosse embora.
“Confesso que estou tentando meu anjo, não sei onde estás, mas eu estou tentando, eu vou conseguir, vou ser forte como você sempre pediu”. E assim eu acabo dormindo, chorando como todas as noites, durmo e sonho com ela novamente, sonho na escola, nós conversando, rindo como todos os dias. Ah como queria que fosse realidade! Então, esse sonho some, e eu acordo com o despertador. Quinze para as seis da manhã, me arrumo e vou para escola, saio de casa com a esperança de ser mais forte do que nos outros dias.
-Thaís Monteiro.