quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Eu te amo. Mesmo negando. Mesmo deixando você ir. Mesmo não te pedindo pra ficar. Mesmo não olhando mais nos teus olhos. Mesmo não ouvindo a tua voz. Mesmo não fazendo mais parte dos teus dias. Mesmo estando longe, eu te amo. E amo mesmo. Mesmo não sabendo amar.

Caio Fernando Abreu

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

“Eu acredito em experiências. Acredito em erros e acertos. E acredito que o erro seja o pai dos acertos. Acredito nas lições, e no que de bom podemos tirar de cada uma delas. É como escrever um livro, você vai juntando as palavras e quando vê está tudo completo. Acredito que seja assim na vida também. Você tem que juntar as pessoas, os sentimentos, as verdades e até as mentiras, e colocar tudo no papel, completar aquilo que falta, tirar aquilo que sobra e ser feliz com aquilo que restar. Não adianta deixar as pessoas nos cargos errados, você tem que ver o que cada uma faz de melhor por você, e o que cada sentimento determina pra cada uma. É complicado, pode ser rápido, pode levar muito tempo, como pode também nunca acontecer. Depende de como você encara a vida. Erre, mas não deixe de acertar. Pense, mas não deixe de arriscar. O inesperado é sempre mais inacreditável e belo. Rabisque, mas não deixe de consertar. Apague, mas não deixe de escrever. Viva, mas não esqueça de sorrir!”
- Isadora Markus.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Penso, com mágoa, que o relacionamento da gente sempre foi um tanto unilateral, sei lá, não quero ser injusto nem nada – apenas me ferem muito esses teus silêncios.
O tempo que temos, se estamos atentos, será sempre exato.
            Extremos da Paixão
            Não compreendo como querer o outro possa tornar-se mais forte do que querer a si próprio. Não compreendo como querer o outro possa pintar como saída de nossa solidão fatal. Mentira: compreendo, sim. Mesmo consciente de que nasci sozinho do útero de minha mãe, berrando de pavor para o mundo insano, e que embarcarei sozinho num caixão rumo a sei lá o quê, além do pó. O que ou quem cruzo esses dois portos gelados da solidão é vera viagem: véu de maya, ilusão, passatempo. E exigimos o eterno do perecível, loucos.
            Ah, fumarás demais, beberás em excesso, aborrecerás todos os amigos com tuas histórias desesperadas, noites e noites a fio permanecerás insone, a fantasia desenfreada e o sexo em brasa, dormirás dias adentro, noites afora, faltarás ao trabalho, escreverás cartas que não serão nunca enviadas, consultarás búzios, números, cartas e astros, pensarás em fugas e suicídios em cada minuto de cada novo dia, chorarás desamparado atravessando madrugadas em tua cama vazia, não consegurás sorrir nem caminhar alheio pelas ruas sem descobrires em algum jeito alheio o jeito exato dele, em algum cheiro estranho o cheiro preciso dele. (…)
           Claro que você não tem culpa, coração, caímos exatamente na mesma ratoeira, a única diferença é que você pensa que pode escapar, e eu quero chafurdar na dor deste ferro enfiado fundo na minha garganta seca que só umedece com vodca, me passa o cigarro, não, não estou desesperada, não mais do que sempre estive.
            Mas não se preocupe, não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar, tem coisa mais autodestrutiva do que insistir sem fé nenhuma? Ah, passa devagar a tua mão na minha cabeça, toca meu coração com teus dedos frios, eu tive tanto amor um dia, ela pára e pede, preciso tanto tanto tanto, cara, eles não me permitiram ser a coisa boa que eu era.
            Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu.
            Chegue bem perto de mim. Me olhe, me toque, me diga qualquer coisa ou não diga nada, mas chegue mais perto. Não seja idiota, não deixe isso se perder, virar poeira, virar nada.
            E amar muito, quando é permitido, deveria modificar uma vida – reconheceu, compenetrado. Como uma ideologia, como uma geografia: palmilhar cada vez mais fundo todos os milímetros de outro corpo, e no território conquistado hastear uma bandeira.
            Não vou perguntar porque você voltou, acho que nem mesmo você sabe… Eu também não queria perguntar, pensei que só no silêncio fosse possível construir uma compreensão, mas não é, sei que não é, você também sabe, pelo menos por enquanto, talvez não se tenha ainda atingido o ponto em que um silêncio basta? É preciso encher o vazio de palavras, ainda que seja tudo incompreensão? Só vou perguntar porque você se foi, se sabia que haveria uma distância, e que na distância a gente perde ou esquece tudo aquilo que construiu junto. E esquece sabendo que está esquecendo…
            De todos aqueles dias seguintes, só guardei três gostos na boca – de vodca, de lágrima e de café. O de vodca, sem água nem limão ou suco de laranja, vodca pura, transparente, meio viscosa, durante as noites em que chegava em casa e, sem Ana, sentava no sofá para beber no último copo de cristal que sobrara de uma briga. O gosto de lágrimas chegava nas madrugadas, quando conseguia me arrastar da sala para o quarto e me jogava na cama grande, sem Ana, cujos lençóis não troquei durante muito tempo porque ainda guardavam o cheiro dela, e então me batia e gemia arranhando as paredes com as unhas, abraçava os travesseiros como se fossem o corpo dela, e chorava e chorava e chorava até dormir sonos de pedra sem sonhos.
            Andei pensando coisas. O que é raro, dirão os irônicos. Ou “o que foi?” – perguntariam os complacentes. Para estes últimos, quem sabe, escrevo. E repito: andei pensando coisas sobre amor, essa palavra sagrada. O que mais me deteve, do que pensei, era assim: a perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais. Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro (a)- mas a morte é inevitável, portanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor – essa pessoa – continua vivo (a), há então uma morte anormal
            Ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis.
            Meu coração tá ferido de amar errado.
            Acho espantoso viver, acumular memórias, afetos.
            É preciso estar distraído e não esperando absolutamente nada. Não há nada a ser esperado. Nem desesperado.
            Tô exausto de construir e demolir fantasias. Não quero me encantar com ninguém.
            Ah, então foi pra ele que eu dei meu coração e tanto sofri? Amor é falta de QI, tenho cada vez mais certeza.
            Caio Fernando Abreu.


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Solução? A morte.

Deitada e sonolenta, como toda noite... Estava ali, pensando sobre o que havia acontecido. Não deixava de pensar um segundo sequer nas coisas em que acreditara. Não deixava de pensar como se decepcionou com seu primeiro e único amor. O que mais esperava era esquecer de vez, dormir ali, naquela noite e acordar pensando apenas em ser feliz. Já pensou em se matar, não teve coragem... Mas o que ela queria mesmo era tirar os problemas e os pensamentos, não a vida. Não pensar mais, não pensar... Ou pelo menos tentar não pensar. 
            O que vira era demais para a sua cabeça de treze anos, era demais para sua pouca experiência de vida. Por que ele me prometeu tanto amor, sendo que não sabia se iria cumprir? Ele realmente não se importava com quaisquer que sejam os sentimentos que finalmente haviam se aflorado. Ela que nunca conhecera o amor, nunca entendera o que seria isso, que nunca acreditara. Justo ela, que não sabia se realmente existia. Por que logo no primeiro veio toda essa decepção? É para não acreditar que existe esse tal de amor mesmo. Estava sofrendo muito com aquela partida, mas sabia que tudo aquilo não iria adiantar. Em meio a todos aqueles pensamentos, lágrimas começaram a surgir... Não aguentava ficar muito tempo pensando sem chorar. Toda manhã, sempre ao acordar, esperava ansiosamente a noite para poder dormir, porque era só o que conseguia. Não comia, não saía, não conversava, não bebia sequer um copo de água, não queria os amigos por perto, não estudava como antes, a vida havia acabado ali.
            Todos diziam para esquecer, mas nada que ouvia funcionava. Talvez se ele conhecesse metade do que eu realmente era, ele teria se importado comigo. Iria fazer o máximo de esforço para ele ter orgulho de dizer com quem está, mostrar para todos os seus amigos, para toda a família. Todos gostavam do meu jeito, da minha personalidade... Ele demonstrava, mas não sentia. Ele disse, mas não era verdade. Como havia visto em um de seus livros: “Sinta primeiro, diga depois”. Por que acreditara tão facilmente naquelas palavras? Por mais lindas que elas tenham sido, por mais inteligentes que sejam e por mais que mostre sentimento que não havia, eram apenas palavras! Sempre foi.
Ele estava feliz, curtia a vida, saía com os amigos, dava risada, beijava qualquer pessoa, sem pensar um momento nela... E ela ali, completamente moída.
            “Eu te dei o meu amor e de nada lhe serviu. Porque prometeu tanto se não sabia se iria cumprir? Por que é que você gosta de me magoar? Por que mandava mensagens para mim no meio da noite dizendo apenas ‘estou pensando em você’? Você pretendia pelo menos um namoro comigo? Queria me fazer sofrer, é isso? Tudo bem, só acho que não devia ter feito todo esse teatro. Não vou ficar aqui escrevendo tudo sendo que você nem vai ligar. Se quiser responder, tarde demais. Eu vou embora, e nunca mais vou voltar. Nunca!”
Logo depois de ter entregue a carta para um dos melhores amigos dele, seguiu para sua casa, onde ficaria a tarde toda sozinha. Chegou e não havia ninguém ali. Ótimo, seu plano daria certo. Foi até o quarto e pegou duas cordas firmes. “Eu não aguento mais, desculpa mãe. Eu te amo. Além da vida! Manuela.” Desceu as escadas e saiu correndo com as cordas na mão a caminho da praia. Foi nadando, se deixando levar pelas ondas. Quando viu que não dava mais pé, amarrou pés e mãos. Se deixou levar nas profundezas daquele mar. A partir daí, não amou mais ninguém.
Isabella Al. Prado (@isaalprado)

sábado, 13 de agosto de 2011

Dor exaustiva

Agi de modo no qual meu caráter confiara desde o principio ser o mais justo e o qual resultaria no melhor para mim. Eu busco o melhor e tento acertar, e sei que posso alcançar.
Logo em seguida, ajustou o cabelo bagunçado, deu uma rápida arrumadinha na blusa que havia amassado, colocou um sorriso no rosto, desviando as perguntas do porque aquela expressão de quem estava mal, e pronto, estava pronto para enfrentar as suas imperfeições, e aquele dia frio e de chuva intensa.
Saio pelas ruas, em busca de crescimento interior, pensando na sua vida medíocre.
Por trás daquelas gotas fortes da chuva, estavam escondidas as lágrimas que acumulavam cada parte do seu coração e que insistiam em encontrar seus pés.
Sou avulso diante ao mundo. Sou um menino que nasceu e hoje chora tentando traduzir os seus falsos sorrisos e expressões que herdou de sua história. Tudo o que tenho, é minha maldade, e meus simples arranjos, que costumo chamar de colegas. Se hoje choro, é por essa noite escura e fraca que agora reina sobre meu pilhar de palhaçadas que carrego em meus ombros.
Imperfeito sim. Sei que sou, e não nego.
Eu queria um lugar de abrigo, uma consciência leve, uma língua angelical, um abraço, um sorriso, uma solitária noite enquanto todos dormissem acordados.
Enquanto sua blusa se encharcava de desabafos, o garoto andava perante os raios e trovões, se abraçando para esquentar seu corpo. Mais a frente, ele encontra uma praça antiga, com árvores sem folhas, e com um banco sem reboque. Sentou-se, engolindo a seco a inconfiança que nele existia. Tirou um cigarro e um isqueiro do bolso, e o acendeu para matar a sede de felicidade que lhe matava afogado. Entregou todos os sonhos organizados a uma culpa imortal, sem dó nem piedade.
Me libertei hoje de meus conflitos e dos meus problemas, das metralhadas na hora do almoço, me livrei do: Hoje você só sai de casa, por cima do meu cadáver.
E realmente, por cima dos cadáveres foi que passei. Bati em meus pais, e sai de casa. Me embriaguei, e fumei todo tipo de droga. Deixei a vida de lado, e a essência da minha conduta.
Meus pais me perturbavam e não se contia, que eu cresci, e que não sou mais aquele menino que quer tudo o que vê, e fala tudo o que ouve. E na verdade, ele não era mesmo. Por mais que me agradassem com beijos e histórinhas na hora de dormir, me davam tapas na cara com palavras ofensivas, é difícil apaga-las, são palavras cravadas em meu ego. Se estou nesta praça agora, exposto ao mundo, é porque busco fugir das loucuras de meus pais. Eles devem estar na minha ex-casa nesse momento, arrumando os móveis e enfeites quebrados enquanto me espancavam, por eu ter errado, e abusado da liberdade.
Por eu me amar, busquei o prazer e entreguei tudo o que havia em mim, para o álcool e as drogas. E hoje paguei por isso, paguei enquanto minha mãe e meu pai me desprezavam com palavras. Palavras que o machucavam inconformadamente.
Reconheço que abusei da boa vontade deles, mas isso não os da o direito de prender minha vida, ao controle autoritário que queriam ter sobre mim.
Pode até não parecer, mas este mal que há em mim, machuca meu coração.
Essa praça agora, açucarou meu doce e me faz esquecer, o que necessito lembrar.
Sei que preciso dos meus pais, só não sei se precisam de mim. Afinal se precisassem, me dariam o sorriso claro, e o abraço apertado que busquei no mundo.
Mas já que estou aqui nesta chuva, agora, vou me preocupar comigo, em me fazer feliz,
vou desprezar tudo o que me faz mal, e exaltarei tudo o que me faz crescer. E também, já que estou aqui nesta loucura, vou virar um louco, pra poder matar as pessoas com o amor, e esconder minhas fraquezas em uma roupa branca, onde a sujeira só chega, se ele se lançar em uma lama, ou em um lago sujo, com águas claras.
Alisson Campos -  @alison_campos

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Não é assim que eu quero. Perceba, eu quero muito, mas não assim, sabe? Não do jeito como se as coisas estivessem sendo empurradas... Não. Não assim, não como se eu fosse um peso. Não como se você tivesse pena. Eu quero que você apenas olhe para mim e diga que tudo vai ficar bem. Mas não assim. Não da boca pra fora. Não como um texto decorado e encenado. Assim não quero. As minhas próprias mentiras já me preenchem. Não há espaço em mim para as suas.
Paula F. (@dearcliche)

Pessoal! :) Eu simplesmente amo o que essa garota escreve. De verdade mesmo. São palavras que me deixam encantada... O jeito que ela junta cada uma delas é fascinante. Quem tiver twitter, no fim do texto tem o twitter dela aí. Espero que tenham gostado.
Inexplicável. Por muito tempo me perguntei se tudo não passava de uma mentira. Você me olhava nos olhos e me dizia coisas sem desviar o olhar, e isso me fez acreditar em cada palavra. Cada palavra que escorregava dos seus lábios e alcançava meus ouvidos. Eu não compreendo o verdadeiro poder da raiva, mas não acredito que ela possa desestruturar toda uma obra-prima. O ódio sim, porque ele é o extremo da raiva. Mas algo momentâneo não poderia ser tão devastador. Era como se aquelas palavras tivessem sido gravadas em minha pele com objetos pontiagudos, como se elas me fizessem sangrar e gritar, me paralisassem e sugassem toda minha vontade de reagir. Elas pararam de sangrar – O sangue parou de escorrer, mas a cicatriz deixada torna a verdade nítida. – Por que você fez isso? Você fazia promessas que agora não passam de palavras vazias – Eu engoli cada promessa e nunca ousei duvidar. Acreditar cegamente em alguém tem um custo muito alto. – E então eu toquei o chão, eu caí e decaí por você. Eu arrisquei e perdi. Eu não esperava realmente que fossemos muito longe, mas não esperava que o fim estivesse no começo. Mas de fato, nunca parei a minha vida para esperar por você. Os ponteiros nunca pararam de seguir seu curso, e nem eu parei o meu.
Paula F. (@dearcliche).

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Era frio. Não sei dizer se fazia mais frio do lado de fora da minha blusa ou dentro do meu coração. Provavelmente competiam. 


Caio Fernando Abreu


Era frio. Não sei dizer se fazia mais frio do lado de fora da minha blusa ou dentro do meu coração. Provavelmente competiam.
Caio Fernando Abreu

Eu quero crescer!

Eu quero crescer. Juro, quero mesmo. Quero aprender línguas que não sei. Quero conhecer novas culturas, povos, lugares. Quero me desapegar do velho. Quero não me fechar para as mudanças e para o novo. Quero dar amor, afinal, é ele a grande essência da vida. Quero não acumular rancores nem alimentar mágoas. Quero aprender a me pedir desculpa. Quero abandonar algumas saudades. Quero aprender a conviver com o que não posso modificar. Quero me mover mais e mais e mudar o que está ao meu alcance. Quero pouco e quero muito. Quero nada e quero tudo. Quero esquecer o que precisa ser esquecido. Quero nunca deixar de sorrir. Quero aprender a descascar laranja. Quero perder o medo de trovão. Quero ir. E vir. Mas nunca, nunca mesmo, deixar de sentir.


Clarissa Côrrea

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Instabilidade.

De longe eu podia avistar a garota. Sentada no banco do parque, ela carregava uma carga de imensa tristeza sobre os ombros, uma tristeza que talvez eu fosse a única capaz de enxergar. Não sei ao certo o porquê, mas ela soltava um leve sorriso quando via as crianças brincando. Um sorriso tímido, forçando simpatia.

Os dedos das mãos entrelaçados por cima do joelhos, o casaco florido, a saia lisa. A alma vazia. Sozinha. Talvez estivesse ali na tentaviva de espairecer, livrar-se de suas emoções negativas. Respirar. E não conseguia. Era visível o seu fracasso na hora de lidar consigo mesma. Suas emoções eram completamente indecifráveis para ela. Ela se perdia no mar de interrogações que sua mente tornara-se com o tempo. Eu percebia facilmente tudo isso.

Não queria parecer cansada como o seu coração, que apesar de novo, vivia de súplicas, desejos. Querer. Não mais que bem querer. Vivia eletrizantemente numa situação pecaminosa. A luz do sol não permitia que abrisse direito os olhos, deixando assim a cor azul céu deles guardada debaixo da sombra de suas pálpebras. Perfeitamente normal por fora, destruída por dentro.

E assim permanecia. Não havia nada que podia fazer. Talvez continuasse assim até o dia do seu último suspiro. Mas não queria pensar no futuro. Pensava somente no hoje, em como estava cansada de tudo. Em como queria voltar a viver.

Talvez eu até entenda porque conseguia compreende-la tão facilmente. Afinal, eu falava da garota ou de mim?

- Karla Reis.