sábado, 31 de janeiro de 2015

Brasil quase igualitário

          Um assunto muito evidente e discutido atualmente é a questão das cotas raciais e socioeconômicas para ingresso em universidades públicas. Da mesma forma que há muitos defensores, há também muitos que se opõem a ela, mas a grande maioria das pessoas não tem uma opinião formada ou tem um argumento incoerente e manipulado.
           O argumento mais utilizado pelos opositores é basicamente ‘’As cotas contribuem ainda mais para o racismo, desigualdade social e ainda promove um benefício para uma camada da sociedade’’.
           Outra justificativa, que é verdadeira, porém, fora de contexto é que independente da cor todos nós temos a mesma capacidade. Mas é necessário entender que isso não tem a ver com capacidade, e sim com passado. Sabemos que a escravidão no Brasil durou cerca de trezentos anos e que escravos não têm acesso à educação. A escravidão foi abolida, mas foram libertos sem direito a nada, ou seja, condenados à pobreza, falta de oportunidade, conhecimento racional e ainda vítima de preconceito.
          Nos países desenvolvidos não há cotas ou benefícios sociais, mas a palavra chave é ‘’desenvolvidos’’, temos que ter a noção do Brasil em que nós vivemos. Não o Brasil das belas praias, condomínios de luxo e apartamentos de alta segurança, o outro Brasil, aquele da insegurança, racismo, favelas (ou comunidade, se preferir).
          A função das cotas é basicamente dar acesso à educação e oportunidade de mudança. Quando elas devem acabar? Quando o governo deixar de ser uma demagogia e virar realmente uma democracia, igualando intelectualmente ricos e os pobres.
          Se excluíssemos as cotas seria o mesmo que elitizar a educação, contribuir para opressão e dar por vencida a luta de classes, com vitória da burguesia, claro. Pois, na prática sabemos que não somos tão iguais assim.