sexta-feira, 29 de julho de 2011
Eterna dádiva
segunda-feira, 25 de julho de 2011
Recomeçar
(não é de Carlos Drummond de Andrade)
em que momento da vida você cansou...
o que importa é que sempre é possível e necessário
"Recomeçar".
é renovar as esperanças na vida e o mais importante...
acreditar em você de novo.
foi aprendizado...
foi limpeza da alma...
foi para perdoá-las um dia...
É por que fechaste a porta até para os anjos...
Era o início da tua melhora...
de encontrar prazer nas coisas simples de novo.
Um corte de cabelo arrojado... diferente?
Um novo curso... ou aquele velho desejo de aprender a
pintar... desenhar... dominar o computador...
ou qualquer outra coisa...
quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te esperando.
tem tanta gente que você afastou com
o seu "período de isolamento"...
tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu
para "chegar" perto de você.
nem nós mesmos nos suportamos...
ficamos horríveis... o mal humor vai comendo nosso fígado...
até a boca fica amarga.
hoje é um bom dia para começar novos desafios.
Vá alto... sonhe alto... queira o melhor do melhor...
queira coisas boas para a vida...
pensando assim trazemos prá nós aquilo que desejamos...
Se pensamos pequeno... coisas pequenas teremos...
já se desejarmos fortemente o melhor e
principalmente lutarmos pelo melhor...
o melhor vai se instalar na nossa vida.
jogar fora tudo que te prende ao passado...
ao mundinho de coisas tristes...
fotos... peças de roupa, papel de bala...
ingressos de cinema... bilhetes de viagens...
e toda aquela tranqueira que guardamos
quando nos julgamos apaixonados...
jogue tudo fora... mas principalmente...
esvazie seu coração... fique pronto para a vida...
para um novo amor...
Lembre-se somos apaixonáveis...
somos sempre capazes de amar muitas
e muitas vezes... afinal de contas...
Nós somos o "Amor"...
sábado, 16 de julho de 2011
Querida Angústia.
Ela realmente sabia me fazer refletir. Eu havia chegado no meu limite. Joguei a minha vida pela janela e nunca mais consegui recuperar toda a felicidade que eu podia ter recebido. Eu tive tempo pra tudo e coisas banais fizeram com que eu permanecesse no nada. Parei de acreditar em mim a partir do momento em que alguém me criticou. Fui fraco e a vida forte demais. E a Angústica foi o que restou. Dopado por cafeína, ficava esperando ela vir me visitar. Abria as portas, se acomodava e não tinha hora para ir embora. Ficava ali, lembrando-me das coisas que eu poderia ter feito e de quem eu podia ter me tornado.
— Você sempre foi único nesse palco da existência. No seu espetáculo, o protagonista era você. Pena não conseguir aproveitar isso e ter deixado que a cortina se fechasse, sem plateia, sem aplausos.
A Angústia realmente me conhecia, e após dizer tudo o que queria, ela ia embora. Provavelmente perturbar outro tolo que deixou a vida de lado para se entupir de cafeína. E eu ficava ali, jogado no sofá, absorvendo todas aquelas palavras mais uma vez. Palavras que como uma dose de café, desciam queimando-me por dentro e presentavam-me com mais algumas noites de insônia.
Eu poderia ter sido melhor se não tivesse deixado de acreditar em mim e nos meus sonhos. Assim, eu não precisaria da Angústia para me trazer um pacote de nostalgia e lembrar-me todo dia de como fui tolo ao "não ligar mais para nada".
- Karla reis. (blanketofwords.blogspot.com)
quarta-feira, 13 de julho de 2011
Uma senhora sábia
"Prazer, meu nome é Maria, tenho 65 anos. Tenho 4 filhos e criei todos com muito amor e carinho. Meu marido faleceu há alguns anos e a partir disso venho seguindo minha vida e, mesmo estando difícil, estou seguindo. Já tive a honra de ter 7 netos, todos muito bonitos por ventura.
Tenho inúmeros problemas de saúde, diabetes, problemas na perna e com minha pressão. Há algum tempo, todas essas doenças vieram se agravando e me deixando cada vez mais adoecida.
Durante toda minha vida, fiquei dividida entre a dificuldade e a felicidade. Passei por muitas situações financeiras nada agradáveis, por ter me mudado bem longe da casa de meus pais, para construir minha própria família.
Escrevo no verso desta folha para relembrar entes queridos um pouco de minha história, e dizer que contribuíram muito na minha batalha com a vida. Aproveito para dizer a todos vocês também, tamanha gratidão que há em meu peito por cada neto, filho, primo, tio, amigo e conhecido.
Que ao pegarem esta folha, sintam um pouco de meu amor e um pouco de minha presença.
Peço a você também, que está lendo isto, que não chore, pelo contrário, alegre-se, um caminhão cheio de surpresas espera por você lá fora. Se sentir saudade, pegue o frasco do meu perfume predileto e inale um pouco do que restou de mim. Se quiser chorar, vá até onde eu estarei morando e procure por Maria Guedes da Silva, depois, sente-se ao meu lado e chore, pois mandarei o vento secar suas lágrimas como forma de lhe consolar. E quanto a roupa que usarei diante de todos, não se preocupe, elas já não pertencem mais a mim.
Vou terminando aqui. Ah, já ia me esquecendo, desculpa se causei dor, ou magoei algum coração, peço-vos que me perdoe pois não era minha intenção. Bom, agora vou, estou fraca e cansada, mas por favor não se esqueçam filhos, me amem, pois preciso ser amada para continuar viva em suas lembranças."
- Achei isto escrito no verso da folha da ficha médica de sua mãe! - Diz o médio a um dos filhos de Maria. O rapaz depois de ler, deixa uma lágrima cair e diz:
- Mas ela não disse o que eu deveria fazer se quisesse sentir seu abraço ...
O rapaz entra em desespero, e vai até o quarto do hospital em que sua mãe se encontra. Ao chegar lá, ele coloca a ficha médica no peito de sua mãe, e chora inconformadamente, ao receber a notícia do seu falecimento. Após isto, ele encontra um outro papelzinho na mão de sua falecida mãe, que dizia:
"Desculpe, mas aquela folha não foi suficiente...E por último, se quiser me abraçar, traga em sua memória os sorrisos que já lhe proporcionei, e da mesma forma, sorria, que eu estarei pegando em suas mãos e lhe abraçando. Através deste abraço, vou estar transmitindo a você toda força e positividade que acumulo em mim há anos, por você nunca ter meu abraço. Mas meu amor por você é realmente infinito, é amor de mãe.. o mais sábio, o mais sincero e ao mesmo tempo, o mais doloroso! Um beijo com amor, de sua eterna mãe."
Alisson Campos.
Lembra de mim?
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Vida
sábado, 9 de julho de 2011
O que ficou..
Caio Fernando Abreu.
Nossa, quanto tempo que eu não posto aqui... Mas enfim, a professora Simone falou que nosso blog pode contribuir muito para nosso conhecimento. E, por isso, resolvi postar esse texto aqui. Espero que gostem.
Depois de algum tempo, você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
(William Shakespeare).
O que faz o medo!
Num país em guerra havia um rei que causava espanto. Sempre que fazia prisioneiros, não os matava: levava-os a uma sala onde havia um grupo de arqueiros de um lado e uma imensa porta de ferro do outro, sobre qual viam-se gravadas figuras de caveiras cobertas de sangue.
Nesta sala ele os fazia enfileirar-se em círculo e dizia-lhes, então:
-Vocês podem escolher entre morrerem flechados por meus arquieiros ou passarem por aquela porta e por mim serem lá trancados.
Todos escolhiam serem mortos pelos arquieiros.
Ao terminar a guerra, um soldado que por muito tempo servira o rei dirigiu-se ao soberano:
- Senhor, posso lhe fazer uma pergunta?
- Diga, soldado.
- O que havia por detrás da assustadora porta?
- Vá e veja você mesmo.
O soldado, então, abre vagarosamente a porta, e à medida que o faz, raios de sol vão adentrando e clareando o ambiente...
E finalmente ele descobre, surpreso, que a porta se abria sobre um caminho que conduzia a liberdade! - Eu dava a eles a escolha, mas preferiam morrer a arriscar-se a abrir esta porta.
- Autor desconhecido.
Beijos!
A última crônica.
Eu e minha sala estudamos crônicas poéticas, e fomos divididos em grupos para pesquisar sobre alguns autores. Um deles foi Fernando Sabino, um escritor excelente que por incrível que pareça nasceu no dia 12 de outubro de 1993 (Dia das crianças) e morreu um dia antes do seu aniversário em 2004. O grupo que pesquisou sobre o autor leu esta crônica e eu achei muito linda. Espero que gostem também!
“A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.
Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.
Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho - um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.
São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "Parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura - ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido - vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.
Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.”
- Fernando Sabino.

sexta-feira, 8 de julho de 2011
O baile!
No entanto, são justamente os olhos que desmentem as máscaras. Eles estão e estarão para sempre lá, descobertos. E eu, da mesma forma que você, mesmo vivendo num interminável baile de máscaras, já aprendi a olhar através da porcelana, a fitar os olhos tristes que estão logo acima do sorriso radiante.
No entanto, o que eu enxergava era tão bonito que me parecia apenas a mais bela máscara do baile, uma plástica distração que me transformaria em joguete, hipnotizado por aquela face que ostentava dolorosa beleza. Até hoje apalpo teu rosto procurando emendas desníveis, vestígios de cola ou encaixes bem-feitos, sem sucesso algum. Me deixei ser levado por tamanho encanto, e sigo flutuando em simples nuances de voz, sussuros inesperados e intrincados escritos.
Abriu-se uma roda. Somos o par que dança alegremente entre os mascarados, sentindo na pele do rosto a brisa de lança-perfume que faz parar o tempo, devidamente despidos das máscaras.
- Beeshop. (Pra quem não sabe, Beeshop é um projeto solo do Lucas Silveira, vocalista da banda Fresno. O cara é um gênio, vale a pena conferir!)
quarta-feira, 6 de julho de 2011
Em todo lugar que eu não vou
sábado, 2 de julho de 2011
O milagre das folhas
Milagre, não. Mas as coincidências. Vivo de coincidências, vivo de linhas que incidem uma na outra e se cruzam e no cruzamento formam um leve e instantâneo ponto, tão leve e instantâneo que mais é feito de pudor e segredo: mal eu falasse nele, já estaria falando em nada.
Mas tenho um milagre, sim. O milagre das folhas. Estou andando pela rua e do vento me cai uma folha exatamente nos cabelos. A incidência da linha de milhões de folhas transformadas em uma única, e de milhões de pessoas a incidência de reduzi-las a mim. Isso me acontece tantas vezes que passei a me considerar modestamente a escolhida das folhas. Com gestos furtivos tiro a folha dos cabelos e guardo-a na bolsa, como o mais diminuto diamante. Até que um dia, abrindo a bolsa, encontro entre os objetos a folha seca, engelhada, morta. Jogo-a fora: não me interessa fetiche morto como lembrança. E também porque sei que novas folhas coincidirão comigo.
Um dia uma folha me bateu nos cílios. Achei Deus de uma grande delicadeza.
- Clarice Lispector.