segunda-feira, 9 de maio de 2011

Uma singela homenagem às mamães.

"De repente, de um lugar bem quentinho e confortável, eu nasci. Você me trouxe ao mundo e me deu o bem mais precioso de todos: MINHA VIDA. Quando cheguei aqui, recebi de você tudo de que eu precisava.
O toque da sua mão sobre o meu corpinho frágil e precisando de calor. A benção da luz dos seus olhos pousados sobre mim. Seu amparo essencial para aplacar minha angústia de estar no mundo. Sua fala doce e sonora dando sentido as caos que me rodeava.
A sutileza dos seus passos leves e seu olhar atento a embalar meu sono nos primeiros dias de minha vida. Só você, Mãe, foi capaz de compreender meu choro quando eu ainda não conhecia as palavras. Seu eu pudesse recompensar um pouquinho as inumeráveis noites em claro que você passou... Toda a dedicação nos dias consumidos entre fraldas, banhos e massagens para minimizar minhas crizes de cólica. A paciência e a constância do seu amor desmedido nas mãos sempre prontas para lutar contra as doenças tão comuns... Sei que nessas horas um único sorriso meu era suficiente para revigorar suas energias e alegrar sua alma. Mas hoje eu queria achar uma forma de agradecer à altura tudo o que você fez por mim. Só não sei ao certo como achar as palavras. E mesmo que fosse craque em números, eu me perderia na aritmética desse amor... Que multiplicas as forças para atender minhas urgências, mesmo no auge da exaustão. Divide sua atenção sem deixar que nada escape ao seu coração amoroso. Subtrai os medos inspirando-me confiança com um simples olhar ou um abraço acolhedor. Soma em cada gesto singelo e cotidiano um jeito de fazer com que eu me sinta cada dia mais forte.
Que paz e que calma me traziam as eternas idas e vindas da sua presença confortadora!
Como retribuir o riso largo e afetuoso a me ensinar a descobrir a alegria de viver nas primeiras cantigas e brincadeiras? Seu jeito único a soletrar comigo as primeiras palavras e a habilidade que você tinha para me traduzir como ninguém. Sua sabedoria ao me ensinar a rezar e a descobrir na oração o alívio para minhas aflições. Que outros abraços serão tão generosos quanto aqueles a me incentivar a engatinhar, andar, correr? E, é claro, sem desviar o olhar um só instante! Quem mais, Mãe, vai me tirar para dançar fora de hora, fazendo explodir em alegria as tardes comuns ou os dias cinzentos e tristes? Realizar meus pequenos desejos reinventando receitas: A lasanha sem queijo. O macarrão sem molho. O tomate sem semente. O bolinho de chuva sem canela.
Que outra pessoa vai encontrar beleza nos meus erros, corrigindo tudo com ternura, sem jamais me diminuir? Quem, além de você, saberá o momento exato de dizer não para me proteger de mim mesmo? Só você, Mãe, tem a capacidade de ser dura e doce ao mesmo tempo! Único ser capaz de aliviar dor sem remédio! Mas aos poucos eu cresci, Mãe, ainda que para você eu continue sendo a mesma criança. Porque será que os filhos nunca crescem aos olhos das mães? Tive de atender ao chamado do mundo lá fora, enfrentar o ambiente desconhecido e tantas vezes hostil da vida. Ainda bem que eu percebi logo o seu poder de estar ao meu lado mesmo quando estava longe fisicamente! Sua capacidade de ouvir no meu silêncio tudo que não conseguiria dizer mesmo aos gritos. Sua intuição para adivinhar num olhar aflições e inseguranças, encontrando sempre a frase certa para dissipá-las. Às vezes acho que você sabe mais de mim do que eu, conhece meus segredos mais íntimos e até verdades que eu ainda vou descobrir sobre mim.
Não há segredo que resista ao olhar profundo de uma mãe! Sei que algumas vezes te deixei preocupada. Mas você soube suportar com amor meus arrombos de impensada arrogância juvenil. Queria pedir desculpas por isso. Desculpa, desculpa, desculpa.
Nos momentos em que eu achava que você estava mais errada era frequentemente quando mais você tinha razão. Quanta sabedoria em cada fala simples que eu nem sempre soube reconhecer! Se soubesse o quanto havia de tolo nas minhas mal-criações... Eu teria te abraçado mais, pedido desculpas outras vezes, ouvindo com mais atenção os seus conselhos. Mas sua capacidade de perdoar sempre foi maior. Foi assim que aprendi muito do que sou, Mãe. Olhando e imitando seu jeito exemplar de estar no mundo. Você me ensinou tudo o que eu precisava saber, me ensinou a ser quem eu sou. porque além de me nutrir, amparar e cuidar, vou educou minha alma. Você plantou no meu coração tudo o que eu precisava para ser... Pureza para enxergar os pequenos milagres diários da vida. Calma para saborear os momentos mágicos e doces sem esvaziá-los do todo. Coragem para suportar as pequenas e grandes dores do mundo. Disciplina para buscar meus objetivos sem perder o rumo. Paciência para não me debater em vão contra a vontade do tempo. Desenvoltura para dançar sem muitos tropeços os diversos ritmos que a vida toca. Generosidade para repartir com os outros o pouco ou o muito que a existência me deu. Inteligência para aprender a ler o que não está escrito. Perseverança para superar os obstáculos tão comuns em qualquer caminho. Prudência para fazer as escolhas certas nos momentos críticos. Compaixão para me irmanar com os outros quando a vida estiver difícil para eles. Humildade para respeitar meus limites e pedir ajuda nos momentos difíceis da vida. Fé para acreditar que, se eu fizer o meu possível, Deus fará o impossível por mim. Bom humor para entender que a menor distância entre duas pessoas é o sorriso. Simplicidade para encontrar a beleza nos lugares mais inesperados. Criatividade para alcançar uma felicidade possível. Justiça para respeitar a igualdade e a diferença que tornam a vida tão extraordinária. Gratidão para merecer as melhores dádivas do universo. Amor genuíno a mim a aos outros para saber amar e ser amado sempre. Sabedoria para ser adulto sem jamais deixar de ser criança.
Mas eu queria telefonar mais vezes, aparecer de surpresa na sua casa no meio da semana, voltar para o seu colo de vez em quando... Mas, acredite, mesmo de longe e com a correria do dia-a-dia, você está sempre junto de mim. Somos parte um do outro, Mãe. Não há tempo ou espaço que desfaça esse vínculo. Embora não expresse o amor que sinto por você sempre que tenho vontade... Queria te dizer: "Estava aqui no meio de umas palavras, e lembrei de você". Eu sou a história que você escreveu na imensa narrativa da existência."

- Uma paráfrase minha, de um texto com autor desconhecido.

2 comentários:

  1. Estou espantada com a beleza desse texto. Sem palvaras...como sou mãe, o coração foi quem sentiu, não foram meus olhos que leram...

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  2. Essa Karl, sempre criando coisas fantásticas e me deixando boquiaberta a cada palavra. Tãoooo lindo!

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