quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Solução? A morte.

Deitada e sonolenta, como toda noite... Estava ali, pensando sobre o que havia acontecido. Não deixava de pensar um segundo sequer nas coisas em que acreditara. Não deixava de pensar como se decepcionou com seu primeiro e único amor. O que mais esperava era esquecer de vez, dormir ali, naquela noite e acordar pensando apenas em ser feliz. Já pensou em se matar, não teve coragem... Mas o que ela queria mesmo era tirar os problemas e os pensamentos, não a vida. Não pensar mais, não pensar... Ou pelo menos tentar não pensar. 
            O que vira era demais para a sua cabeça de treze anos, era demais para sua pouca experiência de vida. Por que ele me prometeu tanto amor, sendo que não sabia se iria cumprir? Ele realmente não se importava com quaisquer que sejam os sentimentos que finalmente haviam se aflorado. Ela que nunca conhecera o amor, nunca entendera o que seria isso, que nunca acreditara. Justo ela, que não sabia se realmente existia. Por que logo no primeiro veio toda essa decepção? É para não acreditar que existe esse tal de amor mesmo. Estava sofrendo muito com aquela partida, mas sabia que tudo aquilo não iria adiantar. Em meio a todos aqueles pensamentos, lágrimas começaram a surgir... Não aguentava ficar muito tempo pensando sem chorar. Toda manhã, sempre ao acordar, esperava ansiosamente a noite para poder dormir, porque era só o que conseguia. Não comia, não saía, não conversava, não bebia sequer um copo de água, não queria os amigos por perto, não estudava como antes, a vida havia acabado ali.
            Todos diziam para esquecer, mas nada que ouvia funcionava. Talvez se ele conhecesse metade do que eu realmente era, ele teria se importado comigo. Iria fazer o máximo de esforço para ele ter orgulho de dizer com quem está, mostrar para todos os seus amigos, para toda a família. Todos gostavam do meu jeito, da minha personalidade... Ele demonstrava, mas não sentia. Ele disse, mas não era verdade. Como havia visto em um de seus livros: “Sinta primeiro, diga depois”. Por que acreditara tão facilmente naquelas palavras? Por mais lindas que elas tenham sido, por mais inteligentes que sejam e por mais que mostre sentimento que não havia, eram apenas palavras! Sempre foi.
Ele estava feliz, curtia a vida, saía com os amigos, dava risada, beijava qualquer pessoa, sem pensar um momento nela... E ela ali, completamente moída.
            “Eu te dei o meu amor e de nada lhe serviu. Porque prometeu tanto se não sabia se iria cumprir? Por que é que você gosta de me magoar? Por que mandava mensagens para mim no meio da noite dizendo apenas ‘estou pensando em você’? Você pretendia pelo menos um namoro comigo? Queria me fazer sofrer, é isso? Tudo bem, só acho que não devia ter feito todo esse teatro. Não vou ficar aqui escrevendo tudo sendo que você nem vai ligar. Se quiser responder, tarde demais. Eu vou embora, e nunca mais vou voltar. Nunca!”
Logo depois de ter entregue a carta para um dos melhores amigos dele, seguiu para sua casa, onde ficaria a tarde toda sozinha. Chegou e não havia ninguém ali. Ótimo, seu plano daria certo. Foi até o quarto e pegou duas cordas firmes. “Eu não aguento mais, desculpa mãe. Eu te amo. Além da vida! Manuela.” Desceu as escadas e saiu correndo com as cordas na mão a caminho da praia. Foi nadando, se deixando levar pelas ondas. Quando viu que não dava mais pé, amarrou pés e mãos. Se deixou levar nas profundezas daquele mar. A partir daí, não amou mais ninguém.
Isabella Al. Prado (@isaalprado)

Um comentário:

  1. Extremamente lindo a maneira como você escreveu Isa...Amei o texto,embora a história terminar com um triste fim,rs. :')

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