quarta-feira, 30 de março de 2011

"Eu me aprontei para ela. Eu fiz planos para ela. Comprei flores. Bombons. Vasculhei os jornais atrás dos melhores cinemas, comprei uma roupa cara e comecei a encher a cabeça com sonhos, como um tolo apaixonado. O seu nome nos meus lábios, o seu nome repetido e repetido, somado ao meu e ao seu sobrenome. Deliciosa mistura de uma paixão imensa, exagerada. Passei o dia olhando para o relógio. Papeizinhos em meu bolso, o nome de Cláudia em meus lábios, o futuro no meu alcance. Queria voar naquele dia. Cláudia ligou quando faltava meia hora para nós. Mentiu. Mentiu e eu aceitei tudo naturalmente, brigando com as lágrimas nos olhos, vendo meus sonhos morrerem, seu nome, meu nome, seu sobrenome associado ao meu nome, tudo desaparecendo. Fiquei ouvindo ela falar, mentir, pedir desculpas, enchugando as lágrimas com a lista de cinemas e restaurantes e o endereço de um motel rabiscado, timidamente, no canto do papel."

Esse é um trecho do livro que eu peguei na biblioteca e terminei de ler ontem. Eu achei ele um tanto quanto triste, mas na minha perspectiva, belo. E aí, o que acharam?


Só entre nós – Abelardo e Heloisa. Julio Emilio Braz, Janaina Vieira. Página 42.

3 comentários:

  1. Adorei esse trecho, mas Miriam, confesso que seu comentário foi o melhor!!! Parabéns pelo seu modo de ver...e eu concordo com você!

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