domingo, 27 de fevereiro de 2011

Biscoitos para a Saudade.

Apenas três toques na porta, e nada mais. Não que fosse algo combinado, mas era o que ela sempre fizera antes de vir me pertubar. Eu podia sentir ela se aproximando. Sempre atraente, confusa, misteriosa.. o que me deixava ainda mais com uma vontade gigantesca de deixá-la entrar e iniciar uma pequena conversa. Abri a porta e ela veio como um furacão.

Dessa vez, ela foi rápida. Entrou, sentou e me olhou friamente nos olhos. Eu simplismente não sabia o que dizer. A Saudade nunca foi uma pessoa boa de se lidar. Não sabia se ela existia apenas para me fazer querer as coisas que perdi de volta ou se era apenas para me convencer deixá-las lá, no passado. Pegou alguns biscoitos do pote que havia em cima da mesa, começou a comê-los e falar do passado.

- Você se lembra, não lembra? De como era feliz? De quantas pessoas você tinha ao seu redor e do seu poder de conseguir dar a volta por cima de qualquer situação? Onde foi parar tudo aquilo, hein? O que é que você fez de você? - A Saudade disse friamente, com uma leve risada sarcástica no final; voltando a me encarar com os olhos. E continuou: - Tantos amores você perdeu, tantas oportunidades deixou passar... até parece que eu gosto de te acompanhar aonde você vai. Às vezes me cansa, realmente me cansa.. ter que ficar te lembrando de como você era especial, de como você brilhava e sorria, até mesmo sem ninguém. Eu te admirava com todas as minhas forças. Evitava aparecer para não ter de apagar aquela luz que existia dentro de você. Hoje? O que você é hoje? Perdeu seu tempo com coisas fúteis. Logo você, que odiava essas superficialidades. Eu te juro que se esse seu comodismo e esse seu orgulho não fossem tão mais atraentes que você, eu te levaria de volta ao passado. Ou pelo menos tentaria. Mas, você escolheu assim. Quem sou eu pra mudar essa escolha...

Ela me conhecia tão bem que dizia palavras intensas sobre mim, e me fazia realmente voltar ao passado, mas somente em pensamentos. O mais admirável é que ela conseguia aparecer de todos os modos: em cheiros, roupas, fotos, cartas, até mesmo em músicas. Ela me enchia com toda sua insanidade e logo saía, quieta, deixando aquele vazio imenso e aquele gosto ruim que eu sabia que não iria me livrar tão cedo.

E nessa solidão, junta de sobriedade e biscoitos, eu vou sendo acompanhada pela Saudade; esse sentimento que não sabe se vai ou se volta; não sabe se me faz parar ou voltar. Talvez tenha mesmo que ser assim. Talvez eu tenha que continuar sendo essa coisa monótona que a Saudade carrega em sua mala. Frustrações me deixaram assim. Ela deveria tentar me compreender.

Mas, a Saudade compreensível? Não. Ela apenas vem e vai, inúmeras vezes. Deixando rastros, pegadas, vazios. Deixando sempre o gostinho especial que nenhum biscoito tem. Só ela.

Karla Cristina.


Oi, gente! Então, esse é o último texto que eu fiz. Espero que tenham gostado, e que comentem! :) weee.
Beijo, beijo.

2 comentários:

  1. Mas, a Saudade compreensível? Não. Ela apenas vem e vai, inúmeras vezes. Deixando rastros, pegadas, vazios. Deixando sempre o gostinho especial que nenhum biscoito tem. Só ela.

    Liiiindo! Adivinha? Face...rs

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